Panorama Macroeconômico e o Contexto para Outubro

Antes de entrar nos ativos, vale lembrar alguns pontos do cenário:

Outubro se inicia em um cenário de complexidade moderada para o investidor brasileiro. O mercado de ações (Ibovespa) encerrou o mês anterior operando perto de suas máximas históricas, impulsionado por um cenário externo que indicava um ciclo de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) nos Estados Unidos e, internamente, pela expectativa de manutenção do ritmo de queda da Taxa Selic.

Principais Fatores em Jogo:

  1. Taxa Selic e Inflação: A continuidade da queda da Selic, embora com cautela, segue sendo o principal catalisador para a migração de recursos da Renda Fixa para a Renda Variável (ações e FIIs). No entanto, o ritmo do corte e a trajetória da inflação doméstica continuam no radar do Banco Central.
  2. Cenário Global e Taxas de Juros nos EUA: Qualquer mudança na política monetária do Fed, especialmente a sinalização sobre os cortes de juros americanos, afeta diretamente o fluxo de capital estrangeiro para o Brasil e a performance das ações de exportadoras.
  3. Política Fiscal Brasileira: A percepção de estabilidade e o compromisso com o novo arcabouço fiscal são cruciais para a confiança do investidor e para manter o prêmio de risco sob controle, influenciando diretamente o desempenho do mercado.
  4. Tributação de FIIs (MP 1.303): Uma questão regulatória importante para os FIIs é a votação e desfecho da Medida Provisória que versa sobre a tributação de dividendos. A possível manutenção da isenção, conforme sinalizado em discussões prévias, trouxe alívio e pode ser um fator positivo para a valorização das cotas, especialmente no curto prazo.

É nesse contexto que as corretoras ajustam suas carteiras, priorizando empresas com sólida geração de caixa, capacidade de repassar custos, baixo endividamento e, no caso dos FIIs, portfólios de alta qualidade e resiliência aos juros.

  • A taxa Selic está alta, o que eleva o custo de oportunidade para ativos de risco. Há expectativas de que comece a cair em 2026. CNN Brasil+3Reuters+3Monitor do Mercado+3
  • Juros elevados afetam principalmente FIIs, especialmente tijolo, pois oneram financiamento, valorização de contratos e geram pressão sobre vacância ou custos de manutenção. FIIs de papel (recebíveis, CRIs) tendem a reagir melhor neste ambiente de juros altos. XP Investimentos+2InfoMoney+2
  • Também há muito foco em empresas com fluxo de caixa robusto, menor endividamento, e aquelas que possuem diferenciais competitivos em setores defensivos ou com demanda relativamente estável. Genial Analisa+2InfoMoney+2

Ações recomendadas pelas corretoras para outubro de 2025

Aqui vão algumas das ações que aparecem com mais força nas carteiras recomendadas ou que foram destacadas por analistas este mês:

AçãoCorretora / AnalistaPor que está sendo recomendada
BPAC11 (Banco BTG Pactual Unit)BB-BI na Carteira 5+ Outubro InvesTalkBanco com foco em gestão de patrimônio, mercado de capitais; muito favorecido em cenário de juros mais baixos pois melhora margem financeira InvesTalk+1
CSNA3 (Cia Siderúrgica Nacional ON)Também entra na Carteira 5+ do BB-BI InvesTalkSetor siderúrgico com expectativa de recuperação de demanda; valuation interessante dado o patamar atual do aço e importações InvesTalk+1
CXSE3 (Caixa Seguridade ON)BB-BI; Terra Investimentos entre as ações para a primeira semana de outubro InvesTalk+1Boa geração de dividendos, modelo regulado (seguro), defensiva; atrativa diante de cenário de volatilidade Boletim Nacional+1
ENEV3 (Eneva ON)BB-BI InvesTalkEnvolvimento com energia, condições de oferta vs demanda favorável, possibilidade de ganhos com contratos regulados / térmicos em momentos de escassez energética ou restrições hidráulicas InvesTalk
PCAR3 (Grupo Pão de Açúcar)BB-BI InvesTalkVarejo; potencial de ganho com recuperação econômica, inflação moderada de alimentos favorece margens, valorização de estoques, etc. InvesTalk
PETR4 / PetrobrasÁgora dentro das ações recomendadas para outubro; aparece em várias carteiras InfoMoney+1Apesar dos riscos regulatórios, é vista como descontada; investimento em produção, expectativa de aumento de preços do petróleo ou demanda internacional, além de projetos de gasoduto ou investimento de infraestrutura que podem gerar retorno InfoMoney
RDOR3 (Rede D’Or)Também citada entre as mais recomendadas pela Ágora InfoMoneySetor de saúde com elevação de receita, melhorias operacionais, crescimento orgânico; hospitalar tende a ser menos volátil que setores cíclicos puros InfoMoney
Setores como saneamento e educação (Copasa – CSMG3; Cogna – COGN3)Seleção Genial outubro; estão entre as ações defensivas / com dividendos interessantes. Genial Analisa+1

Fundos Imobiliários (FIIs) recomendados para outubro de 2025

Estas são algumas apostas fortes de analistas / corretoras para FIIs neste mês, com justificativas e riscos.

Fundo / CódigoPor que está sendo recomendadoAspectos de atenção / risco
BRCO11 – Bresco LogísticaÉ o FII mais recomendado pelo segundo mês seguido segundo Infomoney, Ativa, Guide etc. Portfólio de galpões logísticos de qualidade, contratos com bons prazos, vacância sendo preenchida. InfoMoneyPreço da cota tem estado baixo / próximo à mínima histórica, o que deixa oportunidade mas também sinal de que mercado pode esperar problemas. A logística sofre com custos operacionais elevados, transportes, etc.
BTLG11 – BTG Pactual LogísticaAparece com frequência entre as mais recomendadas por diferentes casas (XP, BTG, etc.) para outubro. Logística é setor que continua sendo visto com resiliência. CNN Brasil+2Fiis+2Sensível a juros; se curva se mantiver muito inclinada ou se houver restrições macro (transporte, combustíveis, custos de frete), pode haver impacto. Distribuição de dividendos pode oscilar.
XPML11 – XP MallsÉ um dos FIIs mais indicados para outubro segundo levantamento da CNN Brasil; bom posicionamento em shoppings, player consolidado. CNN BrasilSetor de shoppings tem riscos ligados à frequência, inflação de custos operacionais, competição de e-commerce, vacância de lojistas mais frágeis. Atenção à localização dos ativos.
KNCR11 – Kinea Rendimentos ImobiliáriosÉ citado em carteiras de análise comparativa; segmento de recebíveis com vantagem em ambiente de juros elevados; bons rendimentos. Suno+2InfoMoney+2Risco de crédito nos CRIs; indexação (muitas vezes atrelado à inflação ou à TJLP/CETIP etc.), vencimentos e risco de liquidez/homogeneidade da carteira. Pode haver atraso de recebimento ou deterioração de qualidade dos ativos.
HGCR11FII de papel com bom yield, frequentemente destacado em carteiras recomendadas. XP Investimentos+1Mesmo do KNCR: risco de crédito, e risco de que o spread ou custo de captação se eleve, comprimindo retornos; também risco regulatório ou de inadimplência.
KNHY11 – Kinea High YieldAlta taxa de rendimento; boas perspectivas de valorização; segmento de CRIs de maior spread. Suno+1Os “high yield” também trazem risco mais elevado: risco de crédito, risco de vacância (para FIIs híbridos ou mistos), sensibilidade macro, especialmente se o cenário de juros ou inflação piorar.
DEVA11 – Devant RecebíveisFoi o único entre os FIIs mais comprados pelos usuários do Real Valor que terminou o mês em alta; indicação de que mercado está começando a “dar preferência” para recebíveis. Money TimesApesar de distribuírem, se o ambiente macro se deteriorar (inflação, dificuldade de crédito), pode haver atrasos ou diminuição dos proventos. Também o risco de desconto sobre o valor patrimonial.

Recomendações de carteiras e mudanças recentes

  • O BB-BI revisou sua Carteira 5+ para outubro, incluindo BPAC11, CSNA3, CXSE3, ENEV3 e PCAR3. InvesTalk
  • O BTG Pactual, em sua carteira 10SIM, fez substituições: entrou Copel (CPLE6) e Localiza (RENT3), saindo Equatorial (EQTL3) e Motiva (MOTV3). A tese é que, com expectativa de cortes de juros nos EUA e no Brasil, empresas com bons múltiplos e potencial de ganho por crescimento e melhoria operacional tendem a se beneficiar. Monitor do Mercado
  • Genial também tem colocado empresas como Cogna (COGN3), Moura Dubeux (MDNE3) entre suas seleções, em especial em carteiras com viés de crescimento ou de recuperação operacional. Genial Analisa+1

Estratégias sugeridas com base no cenário

Com base nisso, algumas ideias de como posicionar sua carteira neste outubro:

  1. Mistura Ações + FIIs: dado o custo de oportunidade alto (juros), não convém exagerar no risco. Uma alocação moderada para FIIs de papel + ações defensivas pode ajudar a balancear.
  2. Defensivas + setores estruturais: ações de saneamento, saúde, seguros, energia, educação tendem a resistir melhor. Exemplo: Copasa, Caixa Seguridade, RD-Hospitalar, saneamento em geral.
  3. Buscar dividendos e fluxo de caixa disrupto: ações que pagam bom dividendo, FIIs com renda mensal/constante e contratos longos (logística com bons inquilinos, shoppings de qualidade) são boas apostas.
  4. Atenção ao valuation: muitos papéis que estão mais recomendados já subiram bastante; cuidado com sobrecompra. Sempre bom olhar múltiplos como P/L, P/VPA, fluxo de caixa descontado, e ver se há risco de correção técnica.
  5. Diversificação de risco de crédito (para FIIs “de papel”): verificar qualidade dos CRIs, indexadores, vencimentos, concentração de locatários etc.
  6. Hedging ou reservas de liquidez: manter parte do portfólio em ativos menos voláteis ou em renda fixa para poder aproveitar eventuais quedas ou oportunidades que surgirem.

Principais riscos para outubro

  • Juros mantidos por mais tempo ou elevação inesperada da Selic, afetando especialmente FIIs e empresas endividadas.
  • Inflação persistente acima do esperado, corroendo lucros e margens.
  • Volatilidade cambial, dependendo de eventos externos ou domésticos.
  • Riscos regulatórios, principalmente para setores como energia, petróleo, saúde, saneamento, educação.
  • Inadimplência nos recebíveis ou deterioração de crédito nos FIIs de papel.
  • Cenário político ou fiscal que gere incerteza – pode afetar confiança para aportes, empréstimos, ou decisões de consumo/investimento.

📊 Carteira Recomendada – Outubro/2025

🔹 Ações (60%)

  1. BPAC11 – BTG Pactual (10%)
    • Forte em gestão de patrimônio e mercado de capitais. Deve se beneficiar com eventual corte de juros.
    • Bom posicionamento no mercado financeiro.
  2. PETR4 – Petrobras (10%)
    • Descontada em relação ao valor intrínseco.
    • Dividendos robustos e exposição ao petróleo, que pode se valorizar.
    • Risco político/regulatório deve ser monitorado.
  3. RDOR3 – Rede D’Or (10%)
    • Setor de saúde é defensivo.
    • Crescimento orgânico e aquisições bem estruturadas.
  4. CSNA3 – CSN (8%)
    • Potencial de valorização com recuperação do setor de aço e minério.
    • Valuation atrativo.
  5. CXSE3 – Caixa Seguridade (7%)
    • Forte pagadora de dividendos.
    • Setor de seguros resiliente em tempos de incerteza.
  6. ENEV3 – Eneva (7%)
    • Energia é essencial e defensiva.
    • Empresa sólida, com contratos de longo prazo e boa gestão.
  7. COGN3 – Cogna Educação (4%)
    • Aposta de crescimento em um setor de recuperação.
    • Boa opcionalidade com ensino digital e expansão de margens.
  8. CPLE6 – Copel (4%)
    • Energia elétrica, setor regulado e pagador de dividendos.
    • Defensiva em cenário volátil.

🔹 Fundos Imobiliários (40%)

  1. BRCO11 – Bresco Logística (8%)
    • Galpões logísticos de alto padrão.
    • Vacância em queda, bom potencial de valorização.
  2. BTLG11 – BTG Pactual Logística (7%)
    • Outro fundo logístico sólido, diversificação importante.
    • Receita previsível e contratos longos.
  3. XPML11 – XP Malls (7%)
    • Exposição a shoppings de qualidade.
    • Beneficiado com melhora no consumo.
  4. KNCR11 – Kinea Rendimentos (6%)
    • Fundo de papel (recebíveis), bom rendimento em cenário de juros altos.
    • Exposição diversificada a CRIs.
  5. HGCR11 – CSHG Recebíveis (5%)
    • Outro fundo de papel, complementando o KNCR11.
    • Bom histórico de gestão e distribuição.
  6. DEVA11 – Devant Recebíveis (4%)
    • High yield, maior risco, mas excelente retorno esperado.
    • Boa diversificação de indexadores.
  7. KNHY11 – Kinea High Yield (3%)
    • Completa a cesta de papel com maior risco e retorno.
    • Rende acima da média, mas exige monitoramento.

📌 Estrutura Final da Carteira

  • Ações (60%)
    • Financeiro + Seguros: 17%
    • Energia: 11%
    • Saúde: 10%
    • Varejo/Educação: 4%
    • Utilities (Copel): 4%
    • Commodities (CSN, Petrobras): 18%
  • FIIs (40%)
    • Logística: 15%
    • Shoppings: 7%
    • Recebíveis (papel): 18%

⚖️ Perfis de Risco

  • Conservador: Aumentar FIIs de papel (KNCR11, HGCR11) e Caixa Seguridade. Reduzir commodities (CSNA3, PETR4).
  • Moderado (base da carteira acima): Mistura defensivos + crescimento.
  • Arrojado: Aumentar exposição em Cogna, CSN e FIIs high yield (DEVA11, KNHY11).

Deixe um comentário