O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou seu balanço financeiro referente ao terceiro trimestre de 2025 (3T25) apresentando um resultado que chama a atenção do mercado financeiro pela sua expressiva redução no lucro ajustado líquido, apesar de manter uma receita robusta e avanços em algumas áreas estratégicas.
Lucro e Receita
No terceiro trimestre de 2025, o Banco do Brasil reportou um lucro líquido ajustado de R$ 3.785 bilhões, representando uma queda de 60% quando comparado ao mesmo período de 2024. Esse resultado ficou praticamente estável em relação ao trimestre anterior (2T25), que apresentou lucro de R$ 3.784 bilhões. O lucro contábil líquido ainda foi menor, totalizando R$ 3,02 bilhões, o que indica uma queda de 66% frente ao mesmo trimestre do ano passado. Essa redução substancial no lucro foi uma surpresa para muitos, mas estava dentro das expectativas dos analistas financeiros, segundo dados compilados pela LSEG, que esperavam um lucro por volta de R$ 3,7 bilhões. O desempenho resultou em um período desafiador para a instituição, que exigiu importância principalmente relacionada ao aumento da inadimplência e às novas regras contábeis.
Retorno sobre Patrimônio e Eficiência Financeira
Outro indicador que apresentou piora significativa foi o Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (ROE), que caiu de 21,1% no 3T24 para 8,4% no terceiro trimestre de 2025. Essa métrica é crucial para medir a rentabilidade do banco em relação ao capital investido pelos acionistas e evidencia um aumento na eficiência com que o banco está lucrando a partir dos recursos próprios.
Por outro lado, a margem financeira bruta cresceu 1,9%, passando para R$ 26,36 bilhões, sinalizando que o banco conseguiu manter um bom desempenho operacional na geração de receitas com suas operações principais financeiras, ainda que não tenha conseguido converter isso em crescimento significativo do lucro líquido.
Carteira de Crédito e Inadimplência
O Banco do Brasil mantém enfoque especial em seus segmentos principais, especialmente o agronegócio e o crédito para pessoas físicas. A carteira de crédito do agronegócio alcançou R$ 398,8 bilhões, apresentando crescimento de 3,2% no comparativo anual, com destaque para linhas de custeio e investimento. Já a carteira de crédito para pessoa física atingiu R$ 350,5 bilhões, crescimento de 7,9% em um ano, impulsionada principalmente pelo crédito consignado, com evolução trimestral de 2,0%.
Mesmo com esses crescimentos, o aumento da inadimplência, especialmente no setor do agronegócio, tem pressionado os resultados financeiros. O banco tem adotado medidas de suporte regulatório e tentativas de renegociação de empréstimos para tentar mitigar o impacto, mas o efeito sobre as perdas com crédito é relevante, refletido na necessidade de revisão das estimativas de custo do crédito, que passou a ser estimado entre R$ 59 bilhões e R$ 62 bilhões de dívida para 2025, acima da análise anterior.
Receitas com Serviços e Outras Áreas
As receitas de prestação de serviços, que incluem administração de fundos, seguros, previdência e capitalização, além de taxas de administração de consórcios, apresentam um desempenho misto. A soma dessas receitas chegou a R$ 8,9 bilhões, o que representou uma leve recuperação de 1,3% em relação ao trimestre anterior, embora tenha recuado 2,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Destaques positivos foram as administrações de fundos, com crescimento de 7,1%, seguros, previdência e capitalização (+5,8%), além das taxas de administração de consórcios (+6,3%) em comparação com o trimestre anterior, comparando que o banco mantém iniciativas e estratégias comerciais eficientes nesses segmentos.
Cenário Econômico e Perspectivas
O resultado do terceiro trimestre do Banco do Brasil vem em meio a um cenário econômico desafiador, marcado por ajustes econômicos e um ambiente financeiro que pressiona a rentabilidade dos bancos. Além das questões internas, o contexto externo de desaceleração do crédito imobiliário, alta inadimplência e mudanças regulatórias impactam o desempenho do setor bancário.
Além disso, a digitalização contínua tem sido uma estratégia importante para o Banco do Brasil, promovendo a redução de custos operacionais, aumentando a eficiência e melhor experiência do cliente, embora essas iniciativas levem tempo para se refletirem plenamente nos resultados financeiros trimestrais.
Diante desse cenário, o banco revisou suas projeções para o lucro líquido ajustado no ano de 2025 para uma faixa entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões, abaixo da previsão anterior que estava entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões.
Conclusão
O resultado do Banco do Brasil no terceiro trimestre de 2025 reflete a complexidade e os desafios enfrentados pela instituição em um contexto macroeconômico exigente. Apesar da queda expressiva no lucro líquido e no retorno sobre o patrimônio, o banco demonstra resiliência por meio do crescimento controlado de suas carteiras de crédito, especialmente no agronegócio e pessoa física, e da recuperação moderada em receitas de serviços.
A estratégia de digitalização e diversificação dos negócios pode ser um caminho para o banco retomar a trajetória de crescimento sustentável, mas o controle da inadimplência e a adaptação às novas regras contábeis serão determinantes para os próximos trimestres.
Investidores e analistas devem acompanhar atentamente a evolução do banco, especialmente no que diz respeito à eficiência operacional, à capacidade de renegociação de crédito e ao sucesso das iniciativas digitais.